Alex. ( 004 )
- kamposu43
- 24 de jul.
- 4 min de leitura
Atualizado: há 4 dias
— Eu é que te pergunto! Não te vejo faz tempo. Sumiu? Por onde andou esse tempo todo? — questionou Luck, com voz calma, e suas pupilas dilatadas.
— Estava resolvendo uns negócios por aí, sabe. Nada importante que valha a pena falar — respondeu Alex, olhando para os lados da rua antes de se aproximar do carro. Apoiou um braço no teto do veículo, inclinou-se e encarou Luck sem expressão.
— Ata, sei… — resmungou Luck, olhando para frente e estalando a língua contra o céu da boca, num som seco e alto. — Acho que você esqueceu que eu existo, ha… ha.
Alex sorriu de canto ao ouvi-lo, deslizando a mão lentamente pelo braço do rapaz, até que este voltou a encarar seus olhos castanhos.
Luck baixou o olhar, passando pelos lábios de Alex até seus dedos, que acariciavam seu bíceps com suavidade.
— Hmm… alguém estava com saudades de mim, ou será ciúmes, hein? Hahaha… — provocou Alex.
— Não é ciúmes. É... só a saudade mesmo, pô.
— Sim, eu sei, Luck. Mas pode ficar tranquilo que eu não vou te esquecer tão fácil — murmurou Alex, como se cada palavra escorresse como um mel, grosso e quente.
Luck, por sua vez, arrepiou-se por completo, soltando um sorriso espontâneo enquanto seu rosto ficava cada vez mais vermelho.
— Fica um mês fora, e quando volta é só pra me atazanar, né…
— Claro! Não tem coisa melhor do que encher teu saco — respondeu Alex, com os olhos brilhando e um sorriso gentil, antes de tirar a mão do braço de Luck e usá-la como apoio para a própria cabeça. — E você, ainda não me respondeu. O que tá fazendo? Vai trabalhar só agora?
— Não! Na verdade, acordei um pouco tarde pra ir a outro lugar. Vou lá na "Legado", sabe? Vou tentar virar um "Sentinela".
— Ah, tá, entendi. E você ainda parou pra conversar comigo?
— Nah! Tá de boa! Tô indo lá sem nenhuma esperança de que vão me deixar entrar... — comentou Luck, soltando uma gargalhada fraca no final.
— Meu Deus, menino… Você não se importa com o seu futuro não? — criticou Alex, levantando-se e colocando as mãos na cintura. Olhou para Luck com um olhar fixo e semicerrado, enquanto sua cabeça e seus cabelos balançavam graciosamente de um lado para o outro a cada palavra que saía de sua boca.
— Bom… é que… não sei…
— Aff!! Luck, eu vou indo nessa. Não quero ser o seu atraso — disse Alex, cruzando os braços e virando as costas para Luck.
— Não, peraí… Deixa que eu te dou uma carona… — respondeu Luck, com os olhos arregalados e tristes.
Alex olhou novamente para ele, abaixou-se e aproximou-se bem perto, então falou:
— Não!! Você vai direto fazer o que tem que fazer, e depois conversamos mais, pode ser? — barganhou Alex, soltando um sorriso meigo no canto da boca enquanto encarava Luck profundamente.
— Ahhh… tá bom! Mas promete que nós vamos conversar de novo, né? — perguntou Luck, com os olhos brilhando de esperança.
— Claro!! Podemos conversar em qualquer lugar que você quiser.
— Pode ser na sua casa? Sei que você faz uma comida deliciosa…
— Sem nenhum problema, Luck. Quando puder, a gente conversa. Agora some logo daqui, menino… — declarou Alex, soltando um sorriso enquanto olhava para Luck por alguns segundos.
Em seguida, deu um beijo demorado em sua bochecha, quase no canto da boca, deixando uma marca de batom azul no local.
Luck ficou paralisado por um instante, até passar os dedos lentamente pela própria bochecha.
Alex então virou as costas e começou a se afastar.
— Cuidado com a estrada! Tchau! — gritou Luck, observando Alex olhar para trás e acenar brevemente com uma das mãos em sinal de despedida.
O rapaz de cabelos cacheados sorriu. Por alguns segundos, acompanhou com o olhar enquanto Alex se afastava, caminhando em passos rápidos, balançando os quadris graciosamente de um lado para o outro.
“Bunduda do caralho”, pensou Luck, desviando o olhar de volta para a frente. Em seguida, pisou no acelerador e partiu rumo ao seu destino.
Enquanto seguia pela estrada em seu carro, Luck se viu em uma descida em espiral, que revelava a cidade se estendendo para baixo. A rua era um pouco estreita, com o asfalto levemente gasto nas bordas. À direita, nada se via além do morro que cobria a paisagem, enquanto à esquerda, avistava-se parte da cidade — prédios, ruas e um rio enorme que a cortava ao meio.
Enquanto avançava, algo estranho chamou sua atenção para o lado esquerdo. Uma espécie de homem gigante azul, aparentemente feito de energia, formava-se sobre os prédios. A criatura caminhava lentamente pelas ruas até ser surpreendida por estrelas gigantes e multicoloridas, que o rodeavam e o derrubavam. O impacto gerou uma pequena onda de energia que se expandiu por um breve instante antes de desaparecer junto com as estrelas.
Logo atrás delas, surgiram mais figuras: um cavalo gigante, um minotauro, um arqueiro e, à frente, o primeiro avião criado por Santos Dumont. Todos marchavam em fila, seguindo o mesmo caminho.
“Nem fodendo que já estamos no carnaval?”, pensou Luck, seguindo viagem.
Mais um tempo se passou, e Luck já estava andando com seu carro por uma rua movimentada, até que ele seguiu por uma curva e adentrou em uma rua sem saída. No final dela, ele pode ver o local que ele irá estudar.
Um enorme castelo, com torres altivas ao ponto de parecer que estava cortando o céu. Os muros feitos de pedras antigas, muito bem preservadas, ao ponto de irradiar uma aura de poder e muita tradição, como se cada tijolo tivesse séculos de história sobre os Sentinelas que por ali se formaram.
O portão principal era feito de um ferro negro adornado por runas douradas que brilhavam intensamente. Dois guardas estavam à frente do local, vigiando a entrada, fazendo caras sérias para uma multidão de pessoas que ali estavam.
Luck parou seu carro bem perto da multidão, que tomava até uma pequena parte da rua, feito esse que fez alguns olharem para ele com um estranheza na face.
“Meu Deus do céu, onde é que eu fui me meter?”
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